Inflação de fevereiro atinge maior nível em 22 anos no Brasil
Em fevereiro, a inflação brasileira subiu 1,31%, a maior alta para o mês desde 2003, acumulando 5,06% em 12 meses e superando a meta do Banco Central.

Em fevereiro de 2025, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no Brasil, registrou um aumento de 1,31%. Esse é o maior índice para o mês desde 2003, quando a alta foi de 1,57%. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação atingiu 5,06%, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 3% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O aumento expressivo em fevereiro foi impulsionado principalmente pelos setores de habitação, educação e alimentação. O grupo habitação teve alta de 4,44%, influenciado pelo reajuste de 16,80% nas tarifas de energia elétrica residencial. Esse aumento ocorreu após o fim do desconto aplicado em janeiro devido ao Bônus de Itaipu. Além disso, a taxa de água e esgoto subiu 0,14%, refletindo reajustes em algumas cidades.
O setor de educação registrou aumento de 4,70%, decorrente dos reajustes anuais das mensalidades escolares. Os ensinos fundamental, médio e a pré-escola tiveram altas de 7,51%, 7,27% e 7,02%, respectivamente. Já o grupo alimentação e bebidas apresentou alta de 0,70%, com destaque para o aumento nos preços dos ovos de galinha (15,39%) e do café moído (10,77%). Por outro lado, itens como batata-inglesa, arroz e leite longa vida registraram quedas de 4,10%, 1,61% e 1,04%, respectivamente.
Em resposta à crescente pressão inflacionária, o Banco Central do Brasil aumentou a taxa básica de juros (Selic) em 100 pontos-base, atingindo 13,25% em janeiro. Uma nova elevação de 100 pontos-base está prevista para março, buscando conter a inflação e alinhar as expectativas do mercado com as metas estabelecidas.
O governo brasileiro revisou sua previsão de crescimento econômico para 2025, reduzindo-a para 2,3% devido ao impacto do aperto monetário. A estimativa de inflação também foi ajustada para 4,8%, frente aos 3,6% previstos anteriormente. Essas revisões refletem os efeitos retardados da depreciação cambial e da persistência inflacionária.
A alta inflação e o aumento das taxas de juros podem impactar negativamente o poder de compra das famílias e desacelerar o crescimento econômico. O governo anunciou medidas para conter os preços, como a eliminação de impostos de importação sobre produtos essenciais. No entanto, especialistas alertam que essas ações podem não ser suficientes para controlar a inflação no curto prazo, exigindo uma política monetária mais restritiva e ajustes fiscais para estabilizar a economia
